Nos últimos 30 anos, o PIB do agronegócio brasileiro cresceu em valor a uma taxa anual de 68%, saindo de 297 bilhões em 1996 para 2,45 trilhões de reais em 2024 (ambos corrigidos em moeda corrente).
O elevado crescimento em valor ocorreu devido ao aumento da área plantada e principalmente pelo aumento da produtividade, graças aos maiores níveis de investimentos em tecnologia, como uso de máquinas, equipamentos, fertilizantes, defensivos agrícolas, sementes híbridas e biotecnologia.
Neste período, o financiamento do agronegócio no Brasil evoluiu significativamente, impulsionado por várias políticas governamentais, iniciativas do setor privado e investimentos internacionais.
Na década de 60, o governo criou o crédito rural, financiamento concedido aos agricultores através dos bancos estaduais. Ao longo dos anos, muitos destes bancos foram quebrando devido a elevada inadimplência no setor.
Entre os anos 60 e 80, a indústria de suprimentos (fertilizantes e defensivos) foi obrigada a atuar como “banco”, permitindo que os agricultores pudessem pagar os insumos com prazo safra. Aos longos dos anos, os prazos foram sendo reduzidos, principalmente pelas empresas de fertilizantes, máquinas e sementes, exceto as de defensivos.
Com o aumento da área plantada e dos níveis de tecnologia, as empresas pressionaram o governo para a criação de novas linhas de financiamento para o agronegócio, o que hoje é conhecido por Plano Safra.
Até meados dos anos 2000, o crédito rural vinha sendo concedido exclusivamente pelo governo, empresas e bancos privados e pelo capital do próprio agricultor.
No entanto, a pressão pelo aumento da necessidade de crédito visando garantir a rápida expansão do agronegócio no Brasil nos últimos 20 anos, resultou em uma solução inovadora, que foi a entrada do mercado de capitais no agronegócio.
As ferramentas conhecidas por LCA, FIDC, CRA, FIAGRO-FIDC permitem que o capital de bancos, fundos de investimento e até de pessoas físicas possam ser utilizados para o financiamento do agronegócio. Atualmente, esta modalidade de financiamento já corresponde a 20% do crédito rural, sendo 35% ainda financiado pelo Plano Safra e 45% pela iniciativa privada e pelo próprio agricultor.
No futuro próximo, haverá um aumento considerável do uso destas novas linhas de crédito, oferecidos por bancos, mas principalmente pelas Fintechs. E por quê?
Pelo lado de quem toma o empréstimo (distribuidores e/ou agricultores), o financiamento é muito conveniente pela maior agilidade e menor burocracia. Para o lado de que investe, em especial as pessoas físicas, há isenção de impostos como IR, IOF e outros visando estimular esta linha de financiamento e consequentemente reduzir a pressão do Plano Safra.
No futuro, é muito provável que o uso destas novas ferramentas irá se intensificar e até mesmo ser estendidas ao público externo, interessados em investir em dólares no agronegócio brasileiro. Se isso ocorrer, parece ser um bom negócio para nós e para eles também.