Por que o setor de produtos biológicos no Agronegócio brasileiro pode ser o próximo alvo de consolidação?

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Nos últimos 25 anos, observamos diversas ondas de consolidações em diferentes setores do Agronegócio brasileiro.

No início de 2020, empresas de biotecnologia como a Monsanto adquiriram empresas de sementes para garantir a expansão da sua presença no algodão, milho e soja.

Entre 2000 e 2010, houve uma consolidação fundiária por grupos estrangeiros como a empresa argentina Los Grobo, visando aproveitar as oportunidades da valorização imobiliária e capacidade de produção de grãos

Entre 2010 e 2020, houve uma forte atividade de fusões e aquisições de grandes players como Bayer-Monsanto, Dow-Dupont (Corteva), Chemchina -Syngenta- Adama , UPL- Arysta e Mosaic-Vale nos setores de Proteção de Cultivos, Sementes e Fertilizantes. A maioria destas empresas buscavam formas de manterem mais competitivas em relação aos novos entrantes, ao investir fortemente em P&D.

A consolidação do setor de Proteção de Cultivos e Sementes desencadeou uma nova onda de consolidação do sistema de distribuição de insumos agrícolas por grandes grupos como Lavoro , Agrogalaxy , Nutrien e Syngenta. Essa consolidação foi uma resposta à concentração dos grandes players no sentido de equilibrar o poder de mercado

Nos próximos anos, devemos esperar uma nova onda de consolidações no Agronegócio brasileiro, impulsionada por grandes empresas multinacionais ou locais interessados na compra de empresas biológicas locais. E porquê?

O mercado biológico brasileiro vem apresentando um crescimento de 30% ao ano, nos últimos 5 anos. O alto potencial deste mercado atraiu a atenção de mais de 100 empresas que atualmente comercializam mais de 300 produtos biológicos no mercado.

No entanto, nos últimos anos, o aumento do valor do mercado dos biológicos tem sido sustentado em grande parte pelo aumento na adoção (volume), em especial por produtos “genéricos” com baixo valor unitário (preço), quando comparado aos produtos químicos tradicionais. 

No segmento de “biocontrole”, a maior parte dos +100 produtos utilizados pelos agricultores são originados por apenas 5 ingredientes ativos (espécies de microrganismos) ou combinações dos mesmos em cada categoria de produto. No segmento “inoculantes”, mais de 99% dos 200 produtos comercializados são provenientes de apenas 2 princípios ativos ( Azospirillum sp. e Bradyrhizobium sp.).

Em um mercado com grande potencial de crescimento, porém com elevada competição por produtos “genéricos”, a consolidação parece ser uma alternativa viável, em especial para as empresas que buscam a liderança neste mercado. Há 3 fatores que explicam esta nova dinâmica no mercado de produtos biológicos nos próximos anos:

1) Economia de Escala : A aquisição de pequenas empresas poderia alavancar a capacidade de produção das empresas compradoras, não apenas visando reduzir os custos fixos, mas também para otimizar as cadeias de abastecimento, alavancando o poder de compra de matérias-primas e outros fatores de produção.

2 ) Inovação: Nas próximas safras, os agricultores irão demandar produtos mais eficientes para controlar novas espécies e raças de nematóides, bem como espécies de insetos e doenças resistentes ou de difícil controle. O desenvolvimento de produtos superiores exigirá maiores investimentos em P&D, como já vem sendo realizado por grandes players como Bayer, a Syngenta e a Corteva. Neste sentido, empresas de biológicos com recursos limitados para pesquisa terão menores chances de sucesso no segmento de produtos “premium”. A consolidação destas empresas, por outro lado, possibilitaria uma maior concentração dos investimentos em P&D pelas empresas compradoras, e desta forma, maiores chances de obtenção de produtos diferenciados e mais competitivos.

3) Poder de mercado: Um plano agressivo de aumento da participação de mercado no curto prazo será crucial para que as empresas possam justificar maiores investimentos em P&D aos seus acionistas, e neste sentido, a consolidação parece ser um caminho mais rápido em comparação ao crescimento orgânico destas empresas.

Certamente a velocidade da consolidação dependerá de vários outros fatores externos, incluindo o custo de oportunidade dos recursos financeiros. Se ao longo dos próximos meses, observarmos uma redução na taxa global de juros, como resposta as menores taxas e possivelmente estabilização da inflação, haverá certamente um maior incentivo para os M&A em níveis muito maiores daqueles observados hoje.

Todos estes fatores indicam que uma nova onda de consolidação está apenas começando no setor biológicos no Agronegócio brasileiro e isso irá abrir inúmeras oportunidades de M&A nos próximos anos.

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