Nos últimos 3 anos, o mercado de fertilizantes e de produtos biológicos apresentaram crescimento superior a 30% ao ano, em grande parte pelo aumento na adoção destes insumos nas áreas plantadas.
De acordo com estudo da Kynetec, na safra 19/20, a adoção de MAP e de inoculante (Azospirilum brasiliensis) na soja foram de 20% e 23% respectivamente. Na safra 22/23, a adoção destes produtos subiu para 24% e 40% respectivamente.
Mesmo considerando o elevado crescimento destes setores, ambos enfrentam desafios semelhantes em sua natureza – a competição por preços em função da comoditização dos produtos.
No setor de fertilizantes, 70% do valor total do mercado é realizado por fertilizantes minerais sem qualquer diferenciação entre eles. No setor de biológicos, em especial no segmento de inoculantes, mais de 99% do valor de mercado vem de produtos cujo ingrediente ativo é Bradyrhizobium ou Azospirillum.
O setor de fertilizantes ainda enfrenta o desafio de adequação as possíveis exigências regulatórias de redução no consumo de fertilizantes que já está em vigor nos países da União Europeia. Através do Farm-to-Fork, a UE se comprometeu a reduzir o consumo de fertilizantes em até 20% até 2030.
Como então solucionar o desafio da “comoditização” e, ao mesmo tempo, adequar as possíveis exigências regulatórias de redução do uso de fertilizantes sem, no entanto, impactar a lucratividade do setor e o valor gerado ao agricultor?
Recentes estudos mostram que a adição de microorganismos aos fertilizantes minerais resultam em maior produtividade dos cultivos. Isso é explicado por fatores como a maior fixação do nitrogênio, maior solubilização do fósforo ou mesmo pela maior promoção do crescimento das plantas.
Alguns pesquisadores sugerem que a adição dos microorganismos poderia aumentar a eficiência dos fertilizantes minerais, permitindo assim a redução da dose utilizada (Kg/há) sem, no entanto, comprometer a produtividade dos cultivos.
Neste sentido, a venda de produtos combinados (fertilizantes minerais + microorganismos) poderia gerar mais valor para toda a cadeia do agronegócio. Como?
Para o agricultor, o aumento da eficiência do fertilizante irá resultar em maior produtividade. Para as empresas de fertilizantes, a redução do volume de vendas pode diminuir o COGs, sem, no entanto, impactar o preço já que o fertilizante combinado é mais eficiente garantindo níveis superiores de produtividade. Para as empresas de produtos biológicos, utilizar o fertilizante mineral como veículo de aplicação, pode gerar mais valor considerando que os agricultores estariam comprando uma solução integrada e seriam menos sensíveis aos investimentos já realizados com fertilizantes (330 USD/há) comparado aos biológicos (1,5USD/há).
A combinação de fertilizantes minerais com microorganismos já vem sendo adotada por algumas empresas de fertilizantes e de biológicos e esse caminho pode ser também uma alternativa à comoditização, adequação as possíveis exigências regulatórias e aumento na lucratividade e valor para o agricultor.
